domingo, 17 de agosto de 2014

As medidas de ... ... José Ricardo Araújo!

Entrevistámos o Ricardo. A entrelinhas com uma fatia de bolo e uma mini nas unhas. O nosso guitarrista tímido hoje perdeu um tanto de percentagem dessa timidez e falou-nos de si.

A - Vamos do início. O Brasil, conta-nos lá.

R - Sou de Fortaleza, filho de famílias que podemos dizer humildes. O meu pai era engenheiro do Estado da DNOCS, que combatia a seca, grave na minha região e conheceu a minha mãe. E pronto...         ... na verdade se penso na minha família o que salta logo à vista é que quase todos eram músicos, do lado do meu pai, sobretudo. Mas o gosto pela música acabou por me vir sobretudo do lado da minha mãe que sempre me cultivou muito desde pequeno e nos fez ouvir muita coisa.

A - Agora a pergunta cliché, que influências vêm de então?

R - Justamente. Muitas. Sou eclético. Podes-me pedir para dizer o que não gosto. Mas dizer o que gosto, não consigo.

A - E quando é que a música passa da assimilação à prática?

R - Olha primeiro nem foi a guitarra. Comecei na flauta. Eu nem gostava de guitarra. Mas com uns 15, 16 anos comecei a ouvir Legião Urbana e  ouvir na rua os amigos tocarem as coisas deles fez o click. Comecei a aprender na rua e logo quis comprar uma guitarra. Na altura trabalhava como auxiliar de empregado de mesa num clube e fui juntando dinheiro. Mas depois não foi preciso gastar porque minha mãe ofereceu. (risos)

A - E depois, Portugal, como se dá o salto.

R - Como muitos. Na época a vida lá era difícil, muito desemprego a vida da família não estava fácil. Surgiu a oportunidade e viemos.

A - Como foi, difícil?

R - Nem por isso. Pensei que fosse mais, até pelo sotaque, mas foi fácil.


A - Sentiste preconceito..

R - Olha, não. Fiz logo amigos. Acho que em Portugal, nem é Portugal é o Mundo, o preconceito mais forte e feio é mais com a mulher brasileira, aquela coisa que é fácil e assim. Mas dizia, vim cá fazer o 12º ano e depois fui para o Conservatório fazer guitarra. Foi engraçado porque me preparei a estudar na escola do Mestre Duarte Costa. Já velhinho. Esquecia meu nome mas não esquecia o que tinha para ensinar, isso não. Foi uma grande mais valia. E foi onde abri os horizontes para a guitarra clássica. Até ali eu só me interessava pelo rock e pelo popular, conhecia algumas peças de orquestra e assim. Mas nessa altura me fascinei com as peças clássicas de guitarra.

A - Isso tudo foi quando?

R - Cheguei em 2000. Mas pelo meio, entre 2003 e 2007 estive de novo no Brasil. O SEF me sacaneou (risos). Fui lá só para tratar de documentos, disseram que tudo bem, podia voltar com estatuto de estudante mas depois no regresso disseram que afinal Conservatório não era Ensino Superior e criaram problemas. E lá fiquei. Foi complicado. Fiz faculdade lá mas não gostei. O ensino de música em Fortaleza não era bom, não. Pelo meio houve coisas complicadas, fiquei noivo e tal. Bom mas depois decidi voltar. Na altura a minha mãe precisava de apoio no negócio dela cá e me chamou. E eu vim. Passou mais um tempo e foi quando fui para a nova fazer Ciências Musicais.

A - E o que é um curso de Ciências Musicais?

R - É uma coisa mais teórica. Tal como o nome diz, tratar a música como ciência, compreender as origens da música, observar a música de várias culturas. Entre muitas outras coisas.


A - E como é que isso te encaixa como músico?

R - Eu gosto de tocar mas também gosto, talvez mais do lado teórico, do lado de ensinar. E por isso fez-me todo sentido. Eu quando escolhi ser músico sabia que no ideal seria executante e professor.

A - E depois?

R - Bom e depois agora surge a Alfaiataria. Aventura bem bacana porque temos todos liberdade para fazer coisas, participar, criar.

A - Para terminar não te vou perguntar o que é que vais fazer na Alfaiataria porque isso é óbvio. Vou perguntar o que é que gostarias de ver na Alfaiataria como público...

R - Olha meterem xadrez e uma bibliotecazinha era bem bacana!



























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