A Alfaiataria vai ser na Graça. Numa dessas ruas típicas e íngremes da Lisboa castiça. Sobretudo se é Verão. As tasquinhas abanam as brasas nos fogareiros à porta. Homens de tronco nu à janela a esfumaçar, velhinhas debruçadas a espionar cá para baixo. Fala-se de janela para janela, a idosa do segundo andar com a do R/C e o homem barrigudo para o tipo mais novo que mora em frente. "Então, bandido, já estás a beber uma, né?". Isto sim, é a rede social. O Facebook é para meninos.
Vou entrar na Alfaiataria. As mulherzinhas à janela tiram-me as medidas. Aceno-lhes com um sorriso. Retribuem. Eu entro e elas porque talvez pensem que já não ouço ou simplesmente não se importem ou mais do que isso tenham esperança que as ajude retomam o palranço.
- Abre quando?
- Não sei.
- E vai ser o quê?
- Olhe parece que uma pizaria...
- Ai uma pizaria! E como sabe?
- Olhe ao certo não sei. Mas é o que se diz.
Sejamos bem vindos à Graça.
Alfaiates e costureiras. Tirar medidas, corte e costura e coisas assim.
Faz sentido, ai não que não faz!
NOTA EDITORIAL - Aos mais atentos que esperavam a entrevista com Nuno Lumbrales em vez deste apontamento crónico, vão ter que esperar mais uns dias que o texto foi ao lápis azul...
... passamos a explicar...
No dia seguinte à entrevista o Alfinete foi contactado pelo advogado de Nuno Lumbrales que laconicamente nos informou que o seu cliente tinha bebido demasiado Porto durante a entrevista pelo que exigia rever a mesma antes da sua publicação uma vez que julgava ter sido demasiado entusiasta em algumas afirmações.
Esperamos no entanto publicar o texto brevemente. Provavelmente, tememos, já sem a parte deliciosa em que ele dizia que se fosse Primeiro Ministro mandava deitar fogo ao Estádio da Luz para assar lá chouriço.
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