sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Coisas de velhos

Eu tenho que confessar. Não que tenha tido a certeza mas ocorreu-me, imbecil, a possibilidade, que ainda se vendesse.

Mas a história do início, claro...

Andava às voltas com a Alfaiataria e achei que era porreiro organizar noites de Risco. A verdade é que fico nostálgico de sermos putos e nos reunirmos em tardes inteiras em casa de uns e outros a jogar Risco. A mãe de serviço faria o lanchinho e nós ficávamos horas naquilo, a conquistar a Europa do Sul e a fazer alianças para derrotar o sacana que  estava quase a cumprir o seu objetivo. Havia o meu primo Miguel que fazia birras quando sentia alianças contra si e chorava baba e ranho da injustiça do complot.

Tenho realmente saudades de ter com quem jogar. Nunca percebi a piada de serões de sueca e depois quando apareceu a playstation e os gajos passaram a jogar PES ou FIFA também não me deixei tentar.

Eu gostava era de Risco!

E de repente pensei: porque não passar do Risco a algo um pouco mais elaborado que a métrica simples desse jogo? O "Risco da Alfaiataria" ainda sem nome definitivo!

A ideia entusiasmou-me e num rasgo clarividente criei as regras que me pareceram bem, ponderei como fazer o tabuleiro de jogo o que também não me criou grandes problemas.

Até que me ocorreu o problema: então e as peças?

E lembrei-me daquela bonecada em miniatura da II Guerra, em pvc, sabem? Ah, os moços da minha geração têm que saber! Os alemães eram azuis escuros, os ingleses, laranjas, os americanos verde alface. E depois havia ainda japoneses, australianos e uma data de coisas mais exóticas que eu não tinha porque o meu exército era modesto. Mas ainda me lembro das posições de combate em que cada exército vinha: o oficial alemão a apontar a Luger, o americano deitado no chão a apontar a espingarda de assalto com tripé ou o outro boche a atirar uma granada. Eu preferia a bonecada que vinha em posição de tiro em detrimento dos que trazia a arma à tiracolo ou assim. Nas minhas guerras quinavam sempre primeiro. E outra coisa que me fazia confusão era porque é que os britânicos eram sempre mais franzinos. Bom! Tudo isto para dizer que esta bonecada me marcou.

E pelo meio distraí-me de que passaram 30 anos e o Mundo mudou. E deve ter sido por isso que por segundos me ocorreu a possibilidade imbecil que ainda pudessem vender-se tais coisas.


Não vendem, só no OLX, quais antiguidades - credo - o principal fabricante faliu e foi comprado há muitos anos por outro grupo qualquer.

E pronto, se alguém tiver bonecada desta velha que queira doar à Alfaiataria, os futuros serões de "Risco" agradecem.

Era só isto...